Mestre em Letras, Cultura e Regionalidade (Universidade de Caxias do Sul, UCS), Marcos Mantovani hoje desenvolve a atividade de produtor e apresentador na UCS TV. Mas nada que o impeça de desenvolver a prosa literária.
Nascido “a partir de 1979”, em Caxias do Sul, publicou o livro de crônicas Sala de embarque, em 2011 (Editora Bela-Letras), e o romance Borboleta nua, em 2013 (Quatrilho Editorial/Editora Bela-Letras), romance com o qual foi vencedor do prêmio Vivita Cartier (instituído pelo município), em 2014. E o que pensa Mantovani, que tem os prosadores como referência, sobre a literatura? “É uma docente sem compromisso pedagógico.” Quer dizer, a literatura atua como uma professora, diz o escritor, “só que sem o compromisso de ensinar nada de concreto”. A partir dos livros, a “professora” mostra diferentes tipos de vidas humanas, diferentes histórias, diferentes visões de mundo e diferentes maneiras de ser humano. “O que ela faz é apenas apontar o dedo para o que existe de melhor e de pior no ser humano, através de histórias.” Para Mantovani, “a única coisa que ela precisa fazer é levantar o tapete para que consigamos enxergar a essência humana, com todas as suas contradições, desesperos, mesquinharias, sensibilidades, medos, desacertos e coragens”.
TRECHO DE BORBOLETA NUA (2013)
“Além da intimidade física natural que é construída por dois adultos independentes e atraídos que decidem viver a vida lado a lado, também havia entre eles uma semelhança em relação aos seus fenômenos emocionais, uma congruência no sentir e no pensar, um tipo de ligação que não justificavam para ninguém. No meio daqueles jantares, acho que motivada pelas músicas elegantes que a Sarah colocava para tocar, eu costumava fantasiar sobre o primeiro encontro deles. Será que haviam identificado a profundidade um do outro no minuto inicial? Será que haviam estabelecido uma vinculação psicológica, você sabe, aquela história toda de forças ocultas e complementares, yin e yang, Anna Karenina e o oficial da cavalaria, será que haviam estabelecido essas coisas imediatamente?”
Dinarte Albuquerque Filho
Jornalista