Sou grato pela minha esposa
Sou grato pela minha tristeza
Crônica
Que me dá clareza
E me põe no meu lugar nenhum
Sou grato pelos meus amigos
Que reformulam desvarios comigo
Sou grato pela colher e prato
Sou grato pelos meus pais
Que têm indiferença à minha doença
Sou grato aos livros que me educaram
Em mundos e submundos fantásticos
Evitando que eu morresse de conselhos práticos
Sou grato pelos meus vícios
Que afastam de mim a arrogância
Sou grato pela minha infância
Onde a felicidade combinava com meu sobrenome
Sou grato pela minha inoperância
E falta de presença.
Sou grato pela minha nova infância
Que por desforra começa agora.
Everton Luiz Cidade - Compositor, escritor e poeta, Socio-proprietário na Pulperia Roupas, livros música e arte - São João 1140 -São Leopoldo