RETONTEZA
Um menino sem idade
Cálida, a lua, avareza
Dos rigores, maldade.
Constante amante
Da saudade, copioso
De choro, ocioso.
Tirar a sede do faminto
E matá-lo nos pomares
Com modesta cor rubra
Tomara não se descubra
Com todos pesares.
NA CHARNECA
Um cadáver já vegetação
Serve de nau para crianças
Humanos são como gafanhotos
Destroem por instinto
E fome
É a fome que nomeia deus
É a fome que faz a arte
É a fome que que vira
Os meus em teus, teus em meus
É a fome dos ateus
É a fome dos pródigos
Que consolam
Esse mundo
Mamado
E mudo.
Everton CIDADE