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Poesia do cidade
Poema
Publicado em 11/07/2022

RETONTEZA

Um menino sem idade

Cálida, a lua, avareza

Dos rigores, maldade.

Constante amante

Da saudade, copioso

De choro, ocioso.

Tirar a sede do faminto

E matá-lo nos pomares

Com modesta cor rubra

Tomara não se descubra

Com todos pesares.

 

 

NA CHARNECA

Um cadáver já vegetação

Serve de nau para crianças

Humanos são como gafanhotos

Destroem por instinto

E fome

É a fome que nomeia deus

É a fome que faz a arte

É a fome que que vira

Os meus em teus, teus em meus

É a fome dos ateus

É a fome dos pródigos

Que consolam

Esse mundo

Mamado

E mudo.

 

 Everton CIDADE

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