É um gato que me tem nos olhos/barulhento como vendaval/
Em noite de festa/a morte natural/de um viajante do tempo/
Jogamos resta um/e um não resta/ainda crianças, ainda animais/
Sentamos no sofá/assistimos documentários sobre alienígenas/
Ela diz que mal não há/nem onde só o mal há/ou só no comercial/
Nas últimas cenas/teremos um filho e o mimaremos/pra que ele/
Nos destrua/como queremos/combinamos de ir visitar alguém/
E claro, não vamos/estamos fixos onde estamos/dormimos demais/
Perdemos as horas/já acordamos deprimidos/oprimidos/bestiais/
Angélicos/banais/precisamos de um café/precisamos de um trago/
Precisamos de um cafuné/que não faremos/falamos demais/
Mais do que tem de espessura a parede/recolhemos a rede do estrago/
Nosso filho seria um nefilim/seria um boçal/igual a ti/igual a mim/
De passagem/sem registros orais ou escritos/ou de amor ou coragem/
Nos fechamos/na caixa de chuva/um pra cada lado/em posição fetal/
Que seja feita dos nossos corpos/a mesquinha e abençoada pilhagem/
Everton Luiz Cidade - Compositor, escritor e poeta, Socio-proprietário na Pulperia Roupas, livros música e arte - São João 1140 -São Leopoldo