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MISS MAU
Poema
Publicado em 14/12/2017

É um gato que me tem nos olhos/barulhento como vendaval/

Em noite de festa/a morte natural/de um viajante do tempo/

Jogamos resta um/e um não resta/ainda crianças, ainda animais/

Sentamos no sofá/assistimos documentários sobre alienígenas/

Ela diz que mal não há/nem onde só o mal há/ou só no comercial/

Nas últimas cenas/teremos um filho e o mimaremos/pra que ele/

Nos destrua/como queremos/combinamos de ir visitar alguém/

E claro, não vamos/estamos fixos onde estamos/dormimos demais/

Perdemos as horas/já acordamos deprimidos/oprimidos/bestiais/

Angélicos/banais/precisamos de um café/precisamos de um trago/

Precisamos de um cafuné/que não faremos/falamos demais/

Mais do que tem de espessura a parede/recolhemos a rede do estrago/

Nosso filho seria um nefilim/seria um boçal/igual a ti/igual a mim/

De passagem/sem registros orais ou escritos/ou de amor ou coragem/

Nos fechamos/na caixa de chuva/um pra cada lado/em posição fetal/

Que seja feita dos nossos corpos/a mesquinha e abençoada pilhagem/

 

 

Everton Luiz Cidade - Compositor, escritor e poeta, Socio-proprietário na Pulperia Roupas, livros música e arte - São João  1140 -São Leopoldo

 

 
 

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