Em seu livro A trilha silenciosa (Quatrilho Editorial/Editora Belas-Letras, 2014), André Willian Segalla, ou Haydensophie, oferece ao leitor algumas diferentes visões sobre a morte, a partir do ponto de vista religioso, cultural e individual em forma de romance histórico. “São micro-relatos, que se estendem do Egito antigo até o futuro, no ano 2100”, diz.
Em cada relato, descreve o autor, um personagem, com religião diferente, que enxerga o mundo de forma diferente do Outro, a partir de sua experiência, encontra “o definitivo, a morte ‘em pessoa’”. “É uma trama psicológica, fundamentada em ampla pesquisa cultural e histórica”, comenta André, que preparou a obra ao longo de dois anos antes de trazê-la ao público.
Desde que foi alfabetizado, recorda, envolveu-se com o ato de ler. Seu primeiro livro foi uma coletânea com narrativas fabulosas dos Irmãos Grimm, de Esopo e de Andersen, entre outros. “Era um volume razoável para um menino de nove anos, mais de cem páginas. Mas eu li. E o reli. E o fiz pelo menos cinco vezes mais.”
Depois desse volume, “conheceu” Monteiro Lobato e nunca mais parou de ler. “De lá para cá, mais de 20 anos se passaram e li centenas de outros livros”, contabiliza, já que, enquanto seus amigos decoravam nomes de jogadores de futebol ele memorizava autores e personagens, entre eles Capitão Nemo, Gregor Samsa e Hercule Poirot.
“Eu vivi várias vidas em apenas uma existência. Seria inevitável que uma hora eu decidisse que era a minha vez de escrever algo”, conclui o professor, de 31 anos, que é bacharel em Relações Internacionais e mestre em Filosofia e Ética, e que tem como referências Erico Verissimo, Júlio Verne e Pablo Neruda.
Trecho do livro A trilha silenciosa.
“Bem, vou indo. Mas antes, permita-me dar-lhe um conselho: procure aproveitar melhor essa vida. Lembre-se que eu existo e que sou mais forte do que você. Sou superior a você em todos os sentidos, não posso ser vencida. Nem mesmo ludibriada eu posso ser (apesar de alguns engraçadinhos escreverem histórias dizendo o contrário. Tolos, eu os encontrarei cedo ou tarde, e eles verão então como é).
Portanto, aproveite bem. Eu sou inevitável, mas o que existe entre você e eu nesse exato momento ainda pode ser muito prazeroso. Depende mais de ti do que de mim. Vá viajar, faça como eu. Não se aquiete em um lugar e não se acovarde diante dos grandes e poderosos. Mostre quem você é. Tenha filhos e gatos, coma bem. Gaste consigo mesmo. Depois que eu te beijar, não haverá espaço aqui para esses trocados que estão agarrados à tua carteira há meses. E sempre que puder, vá ao cinema. Eu mesma assito aos filmes entre um passeio e outro. É bom para descarregar as energias. Enfim, viva como eu viesse amanhã, mas me espere somente para depois de amanhã. Ame, e se não der certo com que você quer, vá atrás de outro, se não der também, ame a si próprio, pois caso contrário, eu terei de levar esse amor todo só para mim, o que seria até lastimável, eu o reconheço. Agora me vou, o dever me chama. Tome, aperte minha mão. Nos veremos em breve, eu prometo.”
Dinarte Albuquerque Filho
Jornalista