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Revista Rockpedia
PROCURA
27/09/2013 20:33 em Poema

a quem procuras? estás à procura de quem, amiga?

 

tão distante de minhas mãos,

ainda sinto o calor do teu corpo,

 

ainda acalento a ideia de um dia

voltar a repousar meu membro

entre tuas coxas macias,

compartilhar existências ao teu lado,

enamorado e febril

fascinado pela tua inteligência e beleza

e outras qualidades q te enobrecem.

 

 

enquanto isso não acontece,

me pergunto: a quem procuras?

 

entre tantas possibilidades,

como fui o escolhido?

como me sobressaí no anonimato da cidade

mas, q ser fui eu

se nem ao menos soube

manter-me íntegro para merecer-te?

sei q me amaste, sei q me quiseste.

e eu, parvo adorador das noites e da escuridão,

néscio, teimoso e tolo, cego de amor e solidão,

não soube entender a entrega,

não soube lidar com a refrega.

acreditei, apenas, no meu instinto,

e na poesia de cada dia,

e esqueci-me das questões práticas.

 

e agora eu me pergunto: o q procuro?

o q pretendo percorrendo as avenidas vazias,

os bares esfumaçados, os corpos fúteis de mulheres dúbias?

o q resta do meu amor por ti?

só saudade?

miríades de miragens e outras tantas bobagens?

néscio, teimoso e tolo, cego de amor e solidão,

quebrei q cara ao deparar-me com a existência

da companhia perfeita, da companhia afeita

a ajudar-me, a me amar, a querer-me.

agora, o q procuro?

não sei.

sei q já não sou mais o mesmo,

q ando a esmo pelas esquinas,

q me visto e caminho feito autômato

pelas madrugadas sem eira,

de segunda a segunda-feira,

fantasma, sombra do q um dia fui.

alguns momentos feliz, outros nem tanto,

convivendo com meu banzo, ouvindo um blues,

rouco de tanto fumar,

olhos vermelhos por não dormir,

lembrando das noites e das pernas enrodilhadas

sob edredons e vinhos e estrelas na transparência da janela,

de onde olhávamos a cidade e antevíamos perspectivas

para uma vida feliz.

mas, por um triz,

os bons momentos esvaíram-se.

 

 

 

 

Dinarte Albuquerque Filho

Jornalista, poeta e professor

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