Enquanto todos brincavam de campinhos, e de ser Batista, Zico, Sócrates, Cerezo, De León ou Falcão, eu preferia ficar com a cuscada. Eu queria ser ninguém. Me perder entre os guaipecas vadios e pronto. E só.
Eu abraçava os cuscos e sentia o coraçãozinho lá deles batendo junto ao meu.
Depois os gritos cessavam. Paravam os chutes. O futebol acabava. Os guris iam embora, cada um para sua casa, levando lembranças de dribles, defesas e gols lá deles… E os vira-latas também se iam, seguiam seu rumo.
Eu, a caminho do rancho, levava nada. Só o cheiro dos cuscos nas bombachas.
Cláudio B. Carlos
é poeta da nulidade, filósofo do nada, patafísico e editor da #editoracoralina. Nasceu em 22 de janeiro de 1971, em São Sepé, RS. Tem diversos livros publicados.