Éramos crianças e não sei por que cargas-d’água brincávamos daquilo. Ou temo saber. Eu era a mamãe pro papai que chegava do serviço. Deitado, barriga no chão, sentia o corpo dele pesando sobre o meu e seu pau, sob as calças, duro, e o meu endurecendo. Sentia seu calor e seu hálito morno e seus lábios roçando nos meus. Depois seria minha vez de chegar cansado pra mamãe que me esperaria. Pra ele era indiferente ser o papai ou a mamãe. Pra mim não. E ele nem desconfiava…
Cláudio B. Carlos é poeta da nulidade, filósofo do nada e editor. Nasceu em 22 de janeiro de 1971, em São Sepé, RS. Tem diversos livros publicados. Vive em Cachoeira do Sul, RS.