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CHEGOU A HORA
O Canhoto
Publicado em 01/08/2017

Neste assunto, sou um leigo e, assim, a partir de agora compartilho com vocês, meus três leitores, aquilo que ACHO ser uma verdade. 

Mia Couto (Moçambique - 1955) deu a um de seus livros de contos o curioso título de Cada homem é uma raça. Sem querer explicar muito, o que ele quer dizer é que cada um de nós, cada indivíduo, é um ser complexo, um universo. 

Agora, neste instante em que escrevo, mil coisas (ou talvez bilhões) passam pela minha cabeça e já começo a pensar seriamente que não vou saber costurar tudo o que tenho a dizer. Quando a ideia primeira me surgiu, vim confiante ao computador – parecia ter o texto inteiro na mente, só precisando, para concretizá-lo, digitar umas palavras; já agora tenho certas dúvidas. 

Mas... é ISSO! Somos um mar de paradoxos! Já perceberam? 

Vou procurar falar de mim, para não ferir suscetibilidades. Mas se bobear é capaz de cada leitor se reconhecer nestas linhas que virão. 

Eu sou uma pessoa honesta, mas, dentro de mim, há uma (espero) porçãozinha de desonestidade. Aliás, essa porção está em mim para ser usada. Uma pessoa que não é nada desonesta não é, acredito, saudável. 

Também sou uma pessoa generosa. Quer de verdade algo que me pertence? É bem possível que, me convencendo da tua necessidade em tê-la, eu me desfaça da coisa. Mas também tenho em mim um pouco de avareza, e às vezes até com coisas fúteis. Vai entender! 

Posso dar mais uma dezena (ou milhares) de exemplos: sou paciencioso e irritado, justo e injusto, coletivo e individualista, sábio e ignorante etc e seu oposto. E tudo, TUDO, sou de propósito, de acordo com minha necessidade ou conveniência, ou sei lá por quê! 

Apressei as coisas para dizer duma vez isto aqui: eu também sou VIOLENTO. A violência é (e azar de quem discorda) um elemento que está em mim e está em cada um de nós. Se a pessoa não é um ser vegetativo ou não sofreu uma lobotomia, há nela, sim, uma porção de violência. E essa violência, como todas as coisas que temos, existe para ser usada. 

A questão (o perigo) é quando usá-la. 

 

Está na hora, pessoal! Lamento dizer, mas chegou a hora de sermos violentos! Não contra um mais fraco; não contra quem torce para o time rival; não contra quem nos ultrapassa no trânsito; não contra quem tem orientação sexual ou condição econômica ou etnia diferentes. 

Contra, contra, CONTRA eles, os que nos retiram direitos. Contra aqueles que, além de roubarem tudo o que nos daria condição de sermos plenos, nos quebram e nos enfiam mais e mais impostos. Contra aqueles que não proporcionam casas para quem precisa e sentem nojo de quem mora na rua. Contra aqueles que pagam mal, mas inventam preços absurdos para aquilo que vendem. Contra quem parcela um já miserável salário jurando ser por uma mentirosa responsabilidade fiscal. Contra quem fecha EJA para ter nos jovens desassistidos uma mão de obra barata e uma criatura sem voz. 

Se o Congresso Nacional não serve ao propósito de melhorar de fato a vida do povo, e se se nega à presença do povo, que se derrube o Congresso Nacional; se as Câmaras dos Deputados e as Assembleias Legislativas não cumprem a função de servir ao povo e de serem a casa do povo, que sejam postas abaixo pelo povo. 

Que o responsável saiba que ele tem que responder, prestar contas. Que, se negando, ele seja cercado. Que a mão com que assina e a boca com que vota contra seja presa, seja calada. Cada um deles! 

Sejamos duma vez violentos! 

Ou correremos o risco de perder nossa humanidade. E isso não é saudável.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Professor, músico ( Ziggy ama Tom)  e escritor (Tubarão com a faca nas costas)

 

paulo rodriguez@rockpedia.com.br

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